Como cheguei até aqui
- narajunqueira
- 6 de jun.
- 1 min de leitura
Atualizado: 11 de jun.
Cuidado é o fio condutor entre os tantos papéis profissionais que já desempenhei.
Quando minha segunda filha nasceu o caos tomou conta. Jogou minhas crenças para o alto, levantou poeira e um incômodo beirando o insuportável se instalou. Não via sentido no looping da vida de pesquisadora: dados, análises, publicações. Publicar em revista de alto impacto alimenta o ego, mas não a minha alma. Ela continuava faminta por um propósito.
Como eu poderia contribuir para a preservação e conservação ambiental? Fortalecendo relações humanas, cuidando e apoiando mulheres. O cuidado com o meio ambiente anda de mãos dadas com o cuidado com as mulheres. O respeito pelo meio ambiente anda de mãos dadas com o respeito pelas mulheres.

Como doula, foram dezenas de mulheres e bebês que tive a oportunidade de acolher com honra. Corpos que carregavam o mistério, o portal entre a vida e a morte. Corpos que carregavam também histórias passadas de geração para geração e que, muitas vezes, eram cargas pesadas.

Com as mulheres descobri que o cuidado comigo mesma era meu ponto fraco (o tal ditado: “casa de ferreiro, espeto de pau). Descobri também um corpo cheio de histórias, de movimentos interrompidos e energia acumulada em forma de tensões musculares crônicas. Um corpo carente de cuidados. Descobri que é seguro me permitir sentir e cuidar de mim mesma em primeiro lugar (mães ainda “dentro da caixa”, julguem: antes mesmo das minhas filhas).
E foi da falta e da necessidade de deixar o peso da bagagem pelo caminho que se fez nítido meu propósito: continuar minha viagem para dentro de mim através do cuidado com o outro.


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